Novo modelo de ensino será implementado nas escolas do país até 2021
O novo ensino médio terá formação mais voltada para o
empreendedorismo, a investigação científica, os processos criativos e a
mediação e intervenção sociocultural. Estes são os eixos que vão orientar os
chamados itinerários formativos, ou seja, as atividades que os estudantes
poderão escolher. O modelo deverá ser implementado nas escolas públicas e
privadas do país até 2021.
Isso significa que, ainda no ensino médio, os estudantes
poderão, por exemplo, aprofundar os conhecimentos referentes ao mundo do
trabalho e à gestão de empreendimentos. Além disso, os estudantes deixarão a
escola sabendo mediar conflitos e propor soluções para questões e problemas
socioculturais e ambientais identificados em suas comunidades.
Os eixos que servirão de referência para a estruturação
dos itinerários formativos estão em portaria publicada nesta sexta-feira (5)
pelo Ministério da Educação (MEC). Os referenciais foram definidos pela gestão
passada da pasta e já estavam disponíveis na internet desde o fim do ano
passado. Agora, foi feita a publicação oficial.
Formação pela BNCC
No novo ensino médio, os estudantes de todo o país terão
formação semelhante, orientada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Em
um ensino médio com 5 horas diárias de aulas, essa parte ocupará 60% dos três
anos de formação, o equivalente a pouco mais que um ano e meio. No tempo
restante, os estudantes poderão aprofundar os estudos em itinerários nas áreas
de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou ensino
técnico.
Os referenciais publicados na semana passada servirão
para orientar a elaboração dos itinerários formativos. Pelo texto, cada um dos
itinerários deverá abordar pelo menos um dos eixos estruturantes, podendo
abarcar inclusive os quatro. Ou seja, um estudante que optar por fazer, ainda
no ensino médio, um curso técnico em informática, poderá aprender questões
ligadas a processos criativos dentro da própria área, como fazer uma
investigação científica relacionada à informática e assuntos afins e como
empreender com o que aprendeu.
"A intenção é que a partir de 2021, as novas turmas
do ensino médio entrem nas redes, sejam públicas ou particulares, em um novo
ensino médio, mais antenado como a garotada, com esses jovens que hoje estão na
escola. Isso é muito importante", disse a ex-secretária de Educação Básica
do MEC Kátia Smole, que coordenou a elaboração dos referenciais.
Implementação
A publicação dos referenciais era a etapa que faltava
para que as redes de ensino elaborassem os currículos do ensino médio. Na rede
pública, isso caberá aos estados, responsáveis pela maior parte da oferta da
etapa de ensino no país.
"A parte comum [que deverá ser baseada na BNCC] é
mais fácil para nós. Estamos nos organizando. Os itinerários são coisas que
nunca fizemos. Os eixos estruturantes vão dar um norte para que possamos
escrevê-los", ressaltou a presidente do Conselho Estadual de Secretários
de Educação (Consed), Cecília da Motta.
Cada município deverá oferecer pelo menos dois
itinerários formativos aos estudantes. No ensino médio regular, até 20% das
aulas poderão ser a distância e, no noturno, até
30% poderão ser ofertadas nessa modalidade.
Segundo Cecília, os estados vão dialogar com os
municípios para verificar as possibilidades de oferta em cada local. A escolha
dos itinerários levará em conta, entre outros fatores, as áreas com maior
empregabilidade em cada cidade. "Haverá município que poderá ofertar dois
itinerários e outros que poderão ofertar mais. Vamos construindo devagar",
acrescentou.
A previsão é que todos os estados concluam até o fim do
ano a elaboração dos currículos. No ano que vem, os professores serão formados
para atuar no novo modelo, que chegará nas salas de aula em 2021.
Apoio do MEC
A construção e implementação dos currículos cabem
prioritariamente aos estados, mas cabe ao MEC auxiliar os entes federativos
para que o novo ensino médio saia do papel. O Conselho Nacional de Educação
(CNE), que foi responsável pela aprovação tanto da BNCC quanto das diretrizes
curriculares do ensino médio, também acompanha o processo.
"Faremos o acompanhamento, o apoio, para que essa
implementação possa ser bem-sucedida em relação àquilo que está
normatizado", disse o conselheiro do CNE Eduardo Deschamps, que presidiu a
comissão da BNCC no conselho.
"A expectativa é que, com a implementação do novo
modelo, o ensino médio passe a fazer mais sentido e ser mais útil e adequado
para os jovens, independentemente do caminho que eles queiram seguir. Se querem
seguir para a universidade ou para o mundo do trabalho, que seja uma formação
mais vinculada ao projeto de vida que eles têm", acrescentou Deschamps.
Na semana passada, o MEC lançou o Programa de Apoio à
Implementação da Base Nacional Comum Curricular, que prevê ações como produção
de materiais, cursos e impressão de documentos para discussão e formação dos
currículos.
Além disso, a pasta vai ofertar bolsas de estudos e
pesquisas, considerando a disponibilidade orçamentário-financeira, para o
acompanhamento da elaboração dos currículos e formação de professores.
Fonte:
Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário