A Bíblia, um dos livros mais antigos e influentes da história da humanidade, é um verdadeiro tesouro de relatos que transcendem o tempo, ensinando lições de fé, esperança e amor. Entre essas narrativas, a história de Rute e Noemi, contada no livro de Rute, se destaca como um exemplo comovente de lealdade inabalável e redenção divina. A matéria jornalística a seguir explora essa saga, mergulhando em seu contexto bíblico e nas mensagens atemporais que ela transmite.
A história começa em Moabe, uma terra pagã vizinha a Israel. Noemi, uma mulher israelita, havia se mudado para lá com seu marido, Elimeleque, e seus dois filhos, Malom e Quiliom, fugindo de uma grande fome em Belém. A vida em Moabe, no entanto, foi marcada por tragédias: Elimeleque e seus filhos morreram, deixando Noemi e suas duas noras, Orfa e Rute, viúvas e desamparadas.
Com o fim da fome em Belém, Noemi decide retornar à sua terra natal. Ela tenta convencer Rute e Orfa a ficarem em Moabe, para que pudessem se casar novamente e reconstruir suas vidas. Enquanto Orfa decide voltar para sua família, Rute faz uma escolha surpreendente e tocante, que se tornaria o cerne da narrativa. Ela se recusa a abandonar sua sogra, proferindo uma das declarações de lealdade mais belas da Bíblia: "Aonde fores irei, e onde pousares pousarei. O teu povo será o meu povo, e o teu Deus, o meu Deus." (Rute 1:16).
A Chegada em Belém e o Encontro com Boaz
A jornada de Rute e Noemi até Belém, a cidade natal de Noemi, não foi fácil. Elas chegaram em um estado de pobreza e precisavam de um meio para sobreviver. Seguindo uma antiga lei israelita conhecida como "apanha de espigas", Rute começa a trabalhar nos campos, recolhendo os grãos deixados para trás pelos ceifadores. É nesses campos que ela encontra Boaz, um homem rico, influente e, crucialmente, parente de Elimeleque, o falecido marido de Noemi.
O que se segue é uma demonstração de virtude e bondade. Boaz, ao saber quem Rute era e sobre sua devoção a Noemi, demonstra uma notável generosidade. Ele não apenas permite que ela apanhe livremente em seus campos, mas também garante sua proteção e provê para ela, instruindo seus ceifeiros a deixarem espigas extras para que ela pudesse recolher.
A Lei do Resgatador e a Redenção
O relacionamento entre Rute e Boaz se aprofunda, e Noemi, percebendo a bondade do homem, idealiza um plano para garantir o futuro de Rute. Ela instrui Rute a se aproximar de Boaz de uma maneira que o convence a agir como seu resgatador (em hebraico, goel). A lei do resgatador era uma antiga tradição israelita que obrigava o parente mais próximo a resgatar a terra da família e casar-se com a viúva, garantindo assim que a linhagem e a herança da família fossem mantidas.
Boaz, um homem de honra, aceita a responsabilidade, mas enfrenta um obstáculo: havia um parente mais próximo com o direito de resgate. Em uma cena pública e legal, Boaz negocia com o parente, que desiste de seu direito, e Boaz se torna oficialmente o resgatador de Rute.
A história culmina com o casamento de Rute e Boaz, e o nascimento de seu filho, Obede. A narrativa se completa quando o livro de Rute revela que Obede foi o pai de Jessé, que por sua vez foi o pai do rei Davi. Essa genealogia demonstra a importância histórica de Rute, uma mulher moabita, que se tornou parte da linhagem real de Israel e, por extensão, da linhagem do Messias prometido, Jesus Cristo.
A história de Rute e Noemi é mais do que um relato de amor e família. É uma poderosa lição sobre a lealdade, a providência divina e a redenção. Ela nos lembra que a bondade, a fidelidade e a compaixão podem transformar vidas, e que a graça de Deus pode operar em lugares e através de pessoas que menos esperamos. É uma história que inspira fé e nos ensina que, mesmo nos momentos de maior dor e perda, há esperança de um futuro redentor.
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