Um terço do lixo
produzido nos países da América Latina e Caribe, o que representa 145 mil
toneladas de resíduos, é descartado em locais inadequados diariamente, segundo
relatório do setor de Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas (ONU).
O Brasil responde por 25% do volume destinado de forma inadequada na
região.
Além disso, a geração diária
de resíduos sólidos urbanos nesses países vai aumentar 25% até 2050, segundo o
estudo. Os dados fazem parte do relatório Perspectivas sobre a Gestão
de Resíduos na América Latina e no Caribe, documento lançado na semana
passada em evento de sustentabilidade na cidade de Buenos Aires, na Argentina.
“Mesmo com algumas melhorias
alcançadas em um período mais recente, cerca de 170 milhões de pessoas ainda
estão expostas às consequências desse problema em decorrência dos graves
impactos causados ao meio ambiente (solo, ar e água) e à saúde da população”,
disse Carlos Silva Filho, diretor presidente da Associação Brasileira de
Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) e membro do comitê
diretivo da pesquisa divulgada pela ONU Meio Ambiente.
O relatório conclui que a
região latino-americana enfrenta ainda o desafio de chegar a uma economia
circular, já que apenas 10% dos resíduos são reaproveitados por meio da
reciclagem ou de outras técnicas de recuperação de materiais.
“Além de práticas mais
avançadas de valorização e recuperação dos materiais descartados e de regras de
governança, o relatório também aponta que a carência de recursos para
investimentos e custeio das operações é em grande parte a causa dos problemas
verificados, com impactos diretos na poluição ambiental, que é crescente, e na
saúde das pessoas”, avaliou Silva Filho.
Brasil
Dados do Panorama
dos Resíduos Sólidos no Brasil, produzido pela Abrelpe, mostram que a
geração total de resíduos sólidos urbanos no Brasil foi de 78,4 milhões de
toneladas em 2017, crescimento de 1% em relação a 2016. Cada brasileiro também
produziu mais lixo em 2017, 378 quilos por ano, volume que daria para cobrir
1,5 campo de futebol.
De acordo com a publicação,
a destinação irregular de resíduos aumentou 1%, com um volume total que seria
suficiente para cobrir uma área equivalente a 600 Parques do Ibirapuera, em São
Paulo.
Pelo segundo ano
consecutivo, houve aumento na quantidade de resíduos direcionados para lixões,
que é a pior forma de destinação de resíduos, segundo a associação. Foram quase
13 milhões de toneladas destinadas a lixões no país.
“Ao compararmos os dados do
panorama com os do relatório da ONU, verificamos que a quantidade de lixo
enviada para lixões no Brasil corresponde a quase 25% do total de resíduos que
tiveram essa destinação inadequada em toda América Latina e Caribe, ou seja, um
quarto da destinação inadequada da região”, disse Carlos Silva Filho.
Ele avalia que os números
apresentados são bastante preocupantes e mostram que, caso não sejam adotadas
medidas urgentes para reverter esse quadro, há o risco de o problema tomar
proporções irreversíveis, seja porque os custos de recuperação serão
astronômicos ou porque as alternativas de recuperação não surtirão mais efeito,
tamanho o grau de degradação.
Plano de resíduos
Um levantamento do
Ministério do Meio Ambiente, divulgado essa semana, aponta que pouco mais da metade dos
municípios brasileiros (54,8%) tem um Plano Integrado de Resíduos Sólidos. De
acordo com os dados, a gestão de resíduos sólidos tende a ser maior em
municípios mais populosos, variando de 49% em cidades de 5 mil a 10 mil
habitantes até 83% em cidades com mais de 500 mil habitantes.
A Lei nº 12.305 de 2010, que
institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, estabelece que cada município
brasileiro precisa elaborar um plano de gestão integrada de resíduos sólidos como
condição para acessar recursos da União para projetos na área.
Fonte: Agência Brasil
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