Metade dos pódios conquistados na competição foi da seleção feminina
O boxe brasileiro voltou dos
Jogos Pan-Americanos de Lima com seis medalhas — melhor desempenho desde 1963,
quando São Paulo foi sede do evento. Metade dos pódios foi da seleção feminina,
inclusive com o ouro, inédito, da baiana Beatriz Ferreira. As paulistas
Jucielen Romeu (prata) e Flávia Figueiredo (bronze) também chegaram lá. Mas,
entre elas, há mais em comum do que as conquistas: o início no esporte.
"Teve uma época em que
eu até tive uma companheira de treino. Mas, depois que ela saiu, só fiquei eu
de menina. Então, treinava sempre com os meninos. O que me ajudou bastante,
porque eles são mais fortes, então acho que ganhei uma resistência a mais. Mas,
faz falta ter mais meninas no meio. Não só em questão de treino, mas na conversa,
na convivência", contou Jucielen, que é de Rio Claro (SP).
"Eu acho que ainda são
poucas as meninas que têm coragem e iniciativa de estar participando de
campeonatos", analisou Beatriz, que nasceu em Salvador e começou no boxe
treinada pelo pai, Raimundo Ferreira, o "Sergipe", bicampeão
brasileiro.
Bia Ferreira conquista o
ouro no boxe, categoria 60kg, nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019 - Pedro
Ramos/ rededoesporte.gov.br
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"Tenho quase certeza
absoluta que tem um monte de menina querendo lutar boxe. Mas, não há quem as
acolha. Eu mesma não tinha pretensão de virar atleta porque não via uma
referência feminina. Só de filmes, como 'Menina de Ouro'", comentou.
REFERÊNCIA
Mas Maggie Fitzgerald,
personagem de Hillary Swank na obra ganhadora de quatro prêmios Oscar em 2005,
não precisa mais ser a única inspiração das novas gerações. Em 2012, a baiana
Adriana Araújo conquistou o bronze na Olimpíada de Londres — a primeira medalha
do pugilismo feminino do país. Em 2017, a paulista Rose Volante entrou para o
time de Éder Jofre, Miguel de Oliveira, Acelino Popó e Valdemir Sertão ao se
sagrar campeã mundial da modalidade em nível profissional (o boxe olímpico é
considerado amador), sendo a primeira brasileira a chegar lá. E agora, as
medalhistas do Pan de Lima dão sequência à fase vitoriosa da chamada nobre
arte.
"Tem muitas meninas que
treinam, mas ainda não competem. Depois da visibilidade do Pan, elas me mandam
mensagens, falando que se inspiram na gente, que querem começar a treinar para
valer e competir. Quando trazemos um resultado expressivo de um campeonato
importante, despertamos a vontade nelas, a curiosidade e a coragem",
destacou Jucielen.
Jucielen Romeu é prata no
boxe, categoria 54-57kg, nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019. - Pedro
Ramos/ rededoesporte.gov.br
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O desafio, agora, é preparar
o esporte para o surgimento de novos talentos. O Brasileiro Juvenil Feminino,
disputado há quatro anos, já revelou a carioca Rebeca Lima, que no ano passado
foi bronze no Mundial da categoria.
"Eu comecei velha, com
18 anos. Então, não tive base, e na minha cidade realmente não tinham meninas.
Mas, acredito que a ascensão do boxe feminino passa pelas categorias de base,
onde ensinamos os fundamentos para que elas cheguem experientes e consistentes
no ringue, para competir em alto rendimento", avaliou Flávia, que é de
Campinas (SP).
SEQUÊNCIA
O próximo desafio da seleção
feminina de boxe é o Mundial Adulto, na Rússia, em outubro. No início do ano
que vem, será a vez do Pré-Olímpico, na Argentina. Campeã pan-americana, Beatriz
torce para que o desempenho das brasileiras nas competições siga inspirando o
surgimento de novas pugilistas.
"Espero que estejamos
passando uma imagem positiva, encorajando essas meninas a levantar mais ainda o
esporte. A gente está mostrando que não é impossível, que o boxe feminino pode
bater de frente e fazer história como o masculino", finalizou.
Fonte: Agência Brasil
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