Presidente eleito concedeu 1ª entrevista nesta segunda-feira
O presidente eleito Jair
Bolsonaro (PSL) confirmou hoje (29) que pretende convidar o juiz
federal Sérgio Moro, responsável pelo julgamento de casos da Operação Lava
Jato, para ser ministro da Justiça ou para ocupar, quando surgir, uma vaga
no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele informou que em breve vai conversar com
o magistrado, que mora em Curitiba. Não disse quando será o encontro.
Em entrevista exclusiva
à TV Record, o presidente eleito destacou que seu governo terá
uma “conversa harmônica” com o Judiciário. Bolsonaro contou que conversou com o
presidente do Supremo, Dias Toffoli, ontem (28), e terá novo
encontro. “Todos nós somos responsáveis pela nação.” Ele afirmou que não pensa
mais em ampliar o número de ministros da Corte.
Bolsonaro afirmou que irá
visitar o presidente Michel Temer para agradecer as felicitações que recebeu.
“Será a primeira pessoa que irei procurar”, disse. De acordo com ele, os dois
meses finais do governo Temer vão ser da “mais perfeita harmonia”.
A seguir, os principais
trechos da entrevista:
Nomes de governo
Nos próximos dias, ele disse
que deve confirmar o nome do astronauta e major da reserva Marcos Pontes para o
Ministério da Ciência e Tecnologia. Já foram confirmados os nomes do deputado
federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) para Casa Civil, o general da reserva Augusto
Heleno para Defesa e o economista Paulo Guedes para a Economia.
Minorias
Segundo o presidente eleito,
é preciso buscar meios para que todos tenham as mesmas condições econômicas e
financeiras e, não tratar determinados grupos como minorias. “Certas minorias
podem achar que têm super poderes por serem diferentes dos demais”, disse.
“Somos iguais, Artigo 5º da Constituição: sem diferença de gênero, cor da pele
e região onde nasceu. O que se tem fazer é procurar a igualdade de patrimônio
para todos e aí todos ficam satisfeitos.”
Mercosul
Bolsonaro afirmou que o
Mercosul (bloco que reúne Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela, que
está suspensa temporariamente) foi supervalorizado e que tal tratamento tem de
ser modificado. De acordo com ele, isso ocorreu por questões ideológicas, que
protegiam determinados países que, na sua opinião, “burlavam” regras. “Nós
queremos nos livrar de algumas amarras do Mercosul”, disse.
Venezuela e imigrantes
O presidente eleito disse
que vários líderes estrangeiros pediram que o Brasil mantenha a ajuda à
Venezuela e também aos imigrantes. Ele negou a possibilidade de intervenção
externa, apoiada por seu governo, na Venezuela. “O PT não fez a lição de casa
com a Venezuela, sempre admirou o [o ex-presidente Hugo] Chávez e [o atual
presidente Nicolás] Maduro e agora estamos vendo os mais pobres vindo a pé para
o Brasil, sem ter o que comer.”
Estados Unidos e Trump
Bolsonaro confirmou que sua
conversa com o presidente norte-americano, Donald Trump, foi mais longa do que
a que teve com os demais líderes - e trataram de iniciativas comerciais e
militares. “Pretendo ir aos Estados Unidos para ampliar a pauta sobre comércio
e área militar”, disse o presidente eleito, informando que deverá viajar na
companhia do general Heleno e o economista Paulo Guedes.
Líderes estrangeiros
O presidente eleito
disse ter conversado com líderes da América Latina e da Europa, o que
para ele indica a importância do Brasil. “Estou muito feliz porque, apesar de
protocolares, essas conversas mostram que nós podemos estar juntos com esses
países.”
Vice-presidente da República
Segundo ele, o general
Hamilton Mourão, seu vice, é um homem “muito qualificado e preparado”. “Nem eu
quero um vice decorativo. Agora não sou capitão, nem ele general. Eu disse para
ele: ‘General, nós somos soldados do Brasil’”, disse o presidente eleito,
negando atritos com o oficial. “Será um conselheireiro de primeira hora.”
Governo de transição
De acordo com o presidente
eleito, os dados “são estarrecedores”, como a quantidade de funcionários e os
gastos. “Não vamos fazer maldade com servidores. Não vamos simplesmente
desfazer deste capital.”
Cargos na Câmara
Bolsonaro disse que não irá
interferir no processo de sucessão na Mesa Diretora da Câmara, que inclui a
presidência da Casa. Ele disse que se o presidente da República interfere
“ganha um inimigo para o resto da vida”. O atual presidente Rodrigo Maia
(DEM-RJ), aliado de Bolsonaro, tenta a reeleição e aguardava seu apoio. Para o
presidente eleito, é preciso que os partidos políticos definam os cargos, não
ele. “Eu gostaria que nós [o PSL] não lutássemos pela presidência da
Câmara. Seria um início de gesto de humildade. Pela governabilidade, seria bom
diversificarmos os partidos.”
Homens honestos
Lembrando que tem 28 anos de
Parlamento, Bolsonaro disse que se relaciona bem com 95% dos parlamentares.
“Eles têm consciência do que foi essa campanha e acreditam em mim. Eu acredito
que a maioria quer o bem do Brasil. A maioria é de pessoas honestas e
decentes.”
Estatuto do Desarmamento
Ele defendeu o direito de um
cidadão acima de 21 anos - e não mais 25 anos - comprar arma de fogo,
sem ter de renovar o porte rotineiramente. O presidente eleito disse
ser favorável ao porte definitivo. “Há um estado de guerra. A efetiva
necessidade está comprovada pela violência.” Também afirmou que é preciso
flexibilizar o porte de arma para que as pessoas possam se proteger melhor da
insegurança presente em todos os locais. “Quem tiver uma arma vai ser
responsabilizado por ela. Quem quer fazer a maldade não precisa comprar a arma,
é fácil comprar a arma de fogo. Temos de abandonar o politicamente correto.
Achar que não ter armas melhora o país, não é isso. Arma de fogo
garante a liberdade de uma pessoa.”
Pacotão de Medidas
Sem detalhar, o presidente
eleito mencionou que uma série de medidas específicas para o agronegócio, homem
do campo e a segurança serão encaminhadas na sua gestão. “Todos se
beneficiarão.”
Faxina e MST
Bolsonaro prometeu fazer uma
“faxina” no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Segundo ele, os
integrantes da entidade desrespeitam a lei e não podem por isso querer
dialogar.
“Eu vou fazer a faxina. A
faxina será em cima dos que não respeitam a lei, como o pessoal do MST”,
afirmou. “O movimento social que invade, depreda e faz barbaridade não tem
conversar. Por isso eu quero armar o fazendeiro.”
Adversários políticos
Bolsonaro afirmou que está
“pronto para conversar” com os candidatos à Presidência Ciro Gomes, Marina
Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Haddad (PT), derrotados nas
eleições. “Converso com eles apesar da campanha que fizeram para me
desconstruir.”
Mais Médicos
Ele defendeu que os
profissionais estrangeiros que quiserem atuar no Brasil se submetam à
revalidação do diploma, fazendo provas para verificar suas habilidades. O
presidente eleito afirmou que vai mudar o programa como está. Na sua opinião, o
programa foi criado para favorecer os médicos cubanos.
Controle da Imprensa
O presidente eleito negou
que pretenda controlar a mídia. Segundo ele, é favorável à liberdade de
expressão. “Quem vai impor limite é o leitor. O controle é o controle remoto,
nada além disso. O cidadão na ponta da linha é quem vai decidir.”
TV "Oficial"
Bolsonaro disse que pensa em
privatizar ou extinguir a TV "oficial".“Não queremos propaganda, não
vamos usar TV oficial. Não podemos gastar R$ 1 bilhão para audiência
traço; prefiro contar com a mídia tradicional.”
Fonte: Agência Brasil
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