Trabalho Infantil/Arquivo/Agência Brasil |
Hoje (12), no
Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil, o Fórum Nacional de Prevenção e
Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI) lança a campanha Não proteger a
infância é condenar o futuro, uma parceria com o Ministério Público do Trabalho
(MPT) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O foco são as
modalidades chamadas de "piores formas" de trabalho, como tarefas
relacionadas à agricultura, atividades domésticas, tráfico de drogas,
exploração sexual e trabalho informal urbano. Em razão dos riscos e prejuízos,
o emprego de meninos e meninas nessas tarefas é proibido até os 18 anos.
Nas demais
situações, o trabalho é permitido a partir dos 16 anos, sendo possível também a
partir dos 14 anos caso ocorra na função de aprendiz.
De acordo com
a assessora do fórum, Tânia Dornellas, mais de 2 milhões de crianças e
adolescentes de 5 a 17 anos trabalham no Brasil. “Qual o futuro que essas
crianças vão ter? Uma criança que trabalha não tem a mesma concentração e
energia que precisa para estudar. Só o fato de o Estado não garantir educação
pública de qualidade para todos já é uma agressão. Quando aliado à iniciação
precoce ao trabalho, você condena essas crianças”, afirmou.
A consequência
é a falta de competência e qualificação necessárias para inserção no mercado de
trabalho e, provavelmente, aposentadoria precoce devido às sequelas adquiridas,
ligadas às atividades de risco.
No Brasil, nos últimos 10 anos, 236 crianças morreram em atividades perigosas - Arquivo/Agência Brasil |
Houve
aumento, nos últimos anos, no número de crianças de 5 a 9 anos trabalhando na
agricultura, uma das piores formas de trabalho infantil, segundo Tânia
Dornellas. “Embora o número absoluto de trabalho infantil seja no meio urbano.
Do ponto de vista relativo, nas áreas rurais há menor concentração, mas é onde
elas mais trabalham”, disse.
A última
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) mostra que, em 2015, havia
2,7 milhões de crianças e adolescentes trabalhando irregularmente.
O objetivo da
campanha é chamar a atenção de órgãos públicos, empresas, organizações civis e
da sociedade em geral para o problema e fomentar ações que contribuam para o
combate a prática, especialmente as de maior impacto para meninos e meninas. As
ações da campanha ocorrem de forma descentralizada em vários locais do país.
Dados
Brasil não
cumpriu o compromisso
da Convenção 182,T da OIT, de erradicar todas as piores formas de
trabalho infantil até 2016. O compromisso foi revisto e a meta agora é de
erradicar todas as formas da prática até 2025, conforme preveem os Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. “Dificilmente vamos atingir a
meta”, disse a assessora. "O Estado precisa se voltar para um projeto
político que privilegie a inclusão social e reforce a educação de
qualidade."
“O que
percebemos,nos últimos anos, com a crise política e econômica em que o país
entrou, foi um impacto, em toda a sociedade, sobretudo nas famílias em
vulnerabilidade social. E uma das causas para o trabalho infantil é a
desigualdade social e a pobreza. Mas o que temos visto, com o próprio redirecionamento
das políticas públicas, é um enfoque maior no resgate econômico do que na
inclusão social”, afirmou.
De acordo com
o Sistema Nacional de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde, foram
registradas 236 mortes de meninos e meninas em atividades perigosas entre 2007
e 2017. O sistema recebeu, no mesmo período, notificações de 40 mil acidentes
de pessoas de 5 a 17 anos. Deste total, mais de 24 mil foram graves, resultando
em fraturas ou membros amputados.
Fonte:
Agência Brasil
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